sexta-feira, 11 de março de 2011

Adaptação Escolar

Texto elaborado para reunião entre pais e professores no ínicio do ano letivo de 2011.
Turma: Maternal III - idade 2/3 anos.


Crianças chorando, pais preocupados e ansiosos se espremendo na porta da sala de aula para certificarem que seu filho já se acalmou. Esse é um cenário comum no início do ano na escola, pois todos desejam que seu filho sinta-se bem no ambiente escolar e que sua adaptação seja tranquila.
Primeiramente, é importante enfatizar que a escola compartilha dos mesmos objetivos dos pais, que é o bem-estar da criança em um espaço que para ela é novo, portanto, um acolhimento de qualidade é essencial para adaptação dos pequenos alunos.
Baseada nos questionamento dos pais, procurei elucidar o que significa o tão mencionado período de adaptação. Afinal, o que significa essa palavra: “adaptação”? Quando posso considerar que meu filho está adaptado?
Palavra simples de entender, mas difícil de vivenciar. A adaptação escolar envolve basicamente experimentar situações novas que, muitas vezes, causam estranheza e medo.
Imaginemos a seguinte situação: você recebe uma nova proposta de emprego e resolve aceitá-la. Quando chega ao ambiente do seu novo trabalho tudo é diferente: seus colegas, a política da empresa, sua chefia, suas atribuições profissionais... Até os adultos têm sentimentos que demonstram ansiedade e receio, pois experimentam a transição entre o que era familiar e se veem em uma situação desconhecida.
Agora, imaginemos o que significa essa transição entre o familiar e o desconhecido para uma criança. O que acontece com as crianças quando entram na escola não é tão diferente com o que acontece com um adulto. Elas são inseridas em um ambiente desconhecido e começam a conviver com pessoas também desconhecidas. São tantas novidades que a primeira reação é o medo, a timidez, o olhar desconfiado... Todos esses comportamentos vão variar de intensidade e frequência, mas a grande maioria das crianças sentirão o mesmo.
Diante do exposto, precisamos ter em mente que a adaptação é processual. Não acontece em duas horas, nem em três dias. O trabalho do professor é durante todo o ano.
De modo geral, pode-se afirmar que a criança está adaptada ao ambiente escolar quando a mesma sente-se segura na escola.
Neste ponto introduzo outra questão de extrema importância para uma adaptação de qualidade: os adultos de referência para a criança precisam demonstrar tranquilidade e segurança no momento de deixá-las na escola.
A segurança para a criança está na sua família, dentro da sua casa, acompanhada de pessoas que ela conhece. Os pais devem estar cientes de que a decisão de colocar o filho na escola significa apresentá-lo a um ambiente novo e, por isso, estranho. Para amenizar o impacto da mudança de ambiente (casa/escola), explique para seu filho o significado da palavra “escola”, tentando apresentá-la sempre como um lugar agradável. Converse com ele e conte que, na escola, encontrará outras crianças com quem poderá brincar e divertir.
É igualmente importante que os pais demonstrem confiança nos profissionais e estejam certos de que a decisão de colocar seu filho na escola foi a melhor diante do contexto de cada família. Para exemplificar como essa relação de confiança pode tranquilizar seu filho, imaginemos outra situação: o professor aguarda a chegada do aluno e, no momento de despedir do seu filho, ele presencia a mãe ansiosa, com lágrimas nos olhos, deixando-o nas mãos de uma pessoa que ele conheceu há poucos dias. Provavelmente, ele pensará: “Esse lugar é ruim! Será que é perigoso?” E quem quer ficar em um lugar “ruim” e “perigoso”? Chorar será uma das primeira reações!
Por esse motivo, a primeira conduta é demonstrar que confia no profissional que acolherá seu filho. Mostrar-se seguro, pois o adulto é a referência de segurança da criança. Quanto mais inseguros ficam os pais, mais insegura ficará a criança.
O choro é comum no momento da despedida e costuma durar dias. Logo que os pais e/ou responsáveis saem da escola, o choro cessa. Claro que cada criança se expressa de uma maneira e, se o choro for persistente, cabe ao profissional identificar os motivos e conversar com os pais. A parceria entre escola e família é essencial.
Por fim, a adaptação é um processo em que todos estão inseridos. Por vezes, é mais doloroso para os pais do que para os filhos esse período em que ficam separados.
O melhor caminho é sempre tirar as dúvidas e questionar a forma com que a escola conduz seu trabalho. A palavra-chave é confiança! Quanto mais consistente é o vínculo de confiança dos pais com os profissionais da escola, mais segura a criança estará e mais tranquila acontecerá a adaptação.
Danielle de Faria.

4 comentários:

  1. Meu filho tem 9 anos e começará na segunda-feira estudar inglês numa escola totalmente diferente do que ele está acostumado, assim ontem ele me disse que estava com receio de ir, mas agora com seu texto conseguirei conversar melhor com ele, obrigado.

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  2. Excelente texto Dani... mto bom mesmo. Sua competencia e qualidade de escrita dá confiabilidade a quem lê e reflexiona sobre a psicologia.

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  3. Olá Dani!

    Achei o texto excelente! O tema que você aborda é de extrema importancia,pois,é ao introduzir-se na vida escolar que a criança estabele suas primeiras relações fora do ambiente familiar. Portanto,é importante para o bom desenvolmento psiquico da criança que estas relações sejam saudaveis, e de base solida. A confiança no professor é essencial,e como você bem disse: os pais devem procurar evitar essas despedidas "excessivas".
    Abraços!

    Att Lana

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  4. Nossa! muito bom texto...bastante proveitoso e esclarecedor principalmente pra mim que estou vivenciando esse "período de adaptação" em conjunto com meu filho...afinal, pra mim também está sendo algo NOVO, como vc mesmo disse, pois meu filho, que está com 1 ano e 8 meses ficou só comigo em casa esse tempo todo, só no horário de almoço e à noite que tem a presença do pai. E por isso agora acabamos sofrendo um pouquinho na hora de deixá-lo na escola, mas é claro que não passamos insegurança e preocupação pra ele e sabemos que é o melhor pra ele, mesmo que no início seja um pouco difícil essa separação, mas nada fora do normal. Parabéns pelo texto...agora vou acompanhar sempre vc por aqui! Abraços, Paty.

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