Texto elaborado para reunião entre pais e professores.
Início do ano letivo de 2011.
Fico me perguntando qual o pai ou mãe que não deseja um mundo melhor para que os seus filhos possam viver futuramente. Qual o pai ou a mãe que nunca sonhou com um mundo menos violento, onde o respeito pelas diferenças aconteça, onde o preconceito não seja pretexto para os conflitos, onde a tolerância, de fato, seja concreta e vivida. Tenho certeza de que todos desejam que seus filhos cresçam no melhor ambiente possível e que, ao abrir a porta de casa rumo a sua independência, eles vejam um mundo em que o “perigo” seja somente uma palavra em desuso.
Queria garantir a vocês que na próxima década... Que amanhã! Todas e quaisquer formas de violência e desrespeito desaparecerão, mas o futuro é incerto e essas promessas seriam um engodo. No entanto, temos o dia de hoje! É no presente que as situações podem ser (re) pensadas, condutas podem ser modificadas... E é no tempo presente que a educação tem seu foco, porque é intervindo “no hoje” que o futuro poderá ser transformado.
Nas reuniões do Ensino Fundamental I, sempre privilegiamos temas relacionados à aprendizagem de conteúdos como a Matemática e/ou o Português, mas nessa reunião, o texto esclarecerá alguns pontos sobre como a escola entende e conduz a convivência em grupo, tema que nos preocupa e que, indubitavelmente, é o maior desafio das escolas nos tempos atuais.
O que entendemos sobre conviver? Primeiramente, não estamos preocupados com o significado do “conviver” descrito no dicionário, pois essa é a parte mais simples. Quando planejamos e intervimos em um determinado grupo, nosso objetivo é sempre criar um ambiente onde todas as relações sejam baseadas no respeito, na cooperação e no desenvolvimento da autonomia.
Como os profissionais da escola trabalham a convivência grupal? No início do ano, as professoras eu conversamos com os alunos e, juntos, combinamos regras para uma convivência harmônica na escola. Nosso primeiro e mais importante combinado é: “respeitar todos os que convivem conosco”. Todos os demais acordos/combinados poderiam ser aglutinados nessa frase, afinal, “chamar o colega pelo nome”, “resolver os conflitos através do diálogo”, dentre outros combinados, significam demonstrar e vivenciar o respeito pelo outro.
Pedimos aos pais que nos ajudem nessa tarefa de viver o respeito pelas diferenças. Não é ensinar (teoricamente), é vivenciar o respeito cotidianamente. Para ficar mais clara a diferença entre ensinar (teoria) e vivenciar (prática), perguntem as crianças sobre os “Combinados”. Estou certa de que elas saberão todos! Dirão a vocês a maioria sem titubear, mas será que colocam em prática os mesmos? Aqui reside a diferença em conhecer os “Combinados” e vivenciá-los, porque posso conhecer e entender o motivo das regras de convivência, mas é no dia a dia que o desafio se posta... No encontro com as diferenças, no surgimento de um possível conflito e nas possibilidades de resolução.
Aos pais esclarecemos que há dois tipos de regras: as morais e as convencionais, como afirmam DeVries e Zan (1998). As regras morais são inegociáveis, pois envolvem princípios éticos. “Não mentir”, “não agredir um colega”, são exemplos de regras morais. Não é possível justificar ou amenizar uma agressão. Da mesma forma que não é possível negociar uma mentira, pois o princípio que está em jogo é a honestidade. No caso das regras convencionais, elas podem ser modificadas dependendo do contexto. Por exemplo, sempre pedimos aos alunos para falarem em voz baixa, quando precisam se comunicar com um colega durante a execução de uma determinada atividade. No entanto, essa regra pode ser modificada quando o professor propõe uma tarefa em que os alunos precisam discutir e trocar ideias. Nesse caso, o silêncio não é bem-vindo, pois a atividade requer a participação de todos.
Após distinção de regras morais e convencionais, convido aos pais que façam um exercício diário com seu filho . Quando perguntarem a ele como foi o dia na escola, lembrem-se de indagar se seu filho respeitou os que convivem com ele . Perguntem, também, se ele foi respeitado pelos colegas, professores e todos que trabalham e estudam na escola. Deem ênfase a convivência grupal!
Como escrevi anteriormente, queria garantir que no futuro, as palavras “intolerância”, “perigoso”, “preconceito” estivessem em desuso, entrementes, volto a afirmar que o futuro é algo inalcançável. Mas temos “o aqui e o agora” e somente eles têm o poder de transformar.
Sejamos mais gentis, incentivemos a consciência coletiva, trabalhemos em cadência rumo à construção de um ambiente cooperativo, onde o respeito mútuo seja vivido.
Referência Bibliográfica: DeVries, Rheta. Zan, Betty. A Ética na Educação Infantil: o ambiente sócio moral na escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
Dani, que belo isso! O diálogo, a palavra falada é a chave para o entendimento, e os comportamentos só mudam de forma positiva quando existe o entendimento ... Admiro sua paixão pela Psicologia escolar e gostaria de compartilhar do mesmo sentimento, porém, essa não é minha praia hehehe. Mas, acho que com um entendimento mais profundo, as coisas podem mudar :D
ResponderExcluirGostei muito do seu texto, trata de questões muito importantes tanto para a convivência escolar quanto familiar!!!
ResponderExcluirAdorei seu texto! Parabéns!
ResponderExcluirObrigada por me incentivar e por acreditar... Beijos!
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